O primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou ter apresentado a demissão do cargo ao Presidente da República, Cavaco Silva. Este anúncio, feito numa curta declaração ao país, em São Bento, depois do chumbo no Parlamento esta tarde do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) e de um encontro com o chefe de Estado, em Belém. «Apresentei agora mesmo ao senhor Presidente da República a demissão do cargo de primeiro-ministro», disse, numa declaração aos jornalistas em que não houve qualquer direito a perguntas.Sócrates sublinhou que com a votação dos projectos de resolução contra o PEC, todos aprovados, a «oposição retirou ao Governo todas condições para continuar a governar», dizendo ter sido vítima de uma «coligação negativa». José Sócrates lamentou ainda que tenha sido forçado a apresentar a demissão em vésperas de uma importante cimeira europeia, e depois do «plano que Portugal apresentou ter colhido o apoio» das instituições europeias. «Lamento que esse apoio tenha agora sido deitado por terra», apontou, salientando que tudo fez para evitar um cenário em que Portugal se veja forçado a pedir ajuda externa para fazer face à crise financeira.Para Sócrates, o decisão tomada esta quarta-feira no Parlamento aconteceu devido ao que disse ser «a sofreguidão pelo poder, a impaciência pelo poder», numa altura em que Portugal necessita de ter «uma voz forte». «Quando o interesse nacional deveria estar acima de qualquer outro interesse, há quem não hesite em colocar acima os interesse político-partidários», frisou. Para José Sócrate, a «obstrução» de uma oposição que nunca esteve disposta a «dialogar» foi levada a «um limite intolerável» esta quarta-feira. «Esta crise era desnecessária. Bastaria haver espírito de diálogo», salientou.«Hoje acrescentaram-se dificuldades políticas às dificuldades económicas», disse, considerando que Portugal terá pela frente «consequências gravíssimas», apontando que os que forçaram esta crise política «são a partir de agora responsáveis pelas suas consequências». José Sócrates garantiu estar de consciência tranquila e que «o país não ficou sem Governo». Durante o tempo em que estiver no cargo, assegurou, terá «a mesma atitude e sentido institucional de sempre, dentro das competências de um Governo de gestão.
portugaldiário
Sem comentários:
Enviar um comentário