sábado, 7 de março de 2009

Um Partido Unido para Ornamentar o Governo

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Causas e Consequências
“O PS deixou de ser um partido para se transformar num conjunto de figurantes que serve para ornamentar a actuação do Governo”.


Contança Cunha e Sá, Jornalista

Para o PS estar unido, como proclamou gloriosamente o eng. Sócrates no final do congresso socialista, convinha que o dito PS, pelo menos, existisse. Mas, como se viu neste último fim-de-semana, essa pequena e singela condição está longe de se verificar. O espectáculo criteriosamente encenado, em Espinho, que algumas almas generosas consideraram ter cumprido exemplarmente os seus objectivos, revelou, pelo contrário, a esplendorosa miséria da seita, rendida à imagem do chefe e aos sublimes interesses dos seus ministros. Entre os elogios ao líder incontestado, as vénias à política governamental, as críticas à comunicação social e as declarações bombásticas sobre uma misteriosa "campanha negra" lançada por "forças ocultas" que procuram desesperadamente destruir o bom-nome do primeiro-ministro, é natural que o PS não tenha tempo para discutir assuntos tão triviais, como a crise económica, nem disposição para se inquietar minimamente com a estratégia que foi unilateralmente definida para o partido.
Basta olhar para os nomes que enfeitam a lista para a Comissão Nacional do partido para se ter uma ideia do estado a que chegou o PS do eng. Sócrates: uma amalgama de funcionários políticos que luta afincadamente por um lugar ao Sol, devidamente abrilhantada por uma quantidade imensa de ministros e de secretários de Estado. Compreensivelmente, tanto Manuel Alegre como João Cravinho recusaram fazer parte desta deprimente agremiação onde pontuam sumidades como Mário Lino, Alberto Costa, Capoulas Santos ou Rosa Maria Albernaz.
Ao fim de quatro anos de maioria absoluta, o PS deixou de ser um partido para se transformar num conjunto de figurantes que, de tempos a tempos, serve para ornamentar a actuação do Governo e os grandiosos anúncios lançados pelo primeiro-ministro. E, como se compreende, não compete aos figurantes suscitar dúvidas, apresentar críticas ou levantar questões. Os figurantes, em certa medida, fazem parte do cenário: estão ali para bater palmas, para agitar bandeiras e para manifestar ruidosamente a sua imensa devoção ao chefe. No fim-de-semana, em Espinho, foi exactamente isso que fizeram: abstiveram-se de debater o que quer que fosse, seguindo rigorosamente as linhas do guião que lhes tinha sido previamente destinado. O eng. Sócrates pode ter um Governo unido, um grupo unido ou mesmo uma assembleia unida. O que não tem, com certeza, é um partido unido: porque não se pode unir o que pura e simplesmente não existe.
Constança Cunha e Sá, Jornalista, (3 de Março, Correio da Manhã)

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Em Setembro era ASSIM...Em Outubro executivo dá razão à oposição....

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OBS: Por contestação da Oposição o Executivo Socialista Recuou passado um mês. Baixa IMI (desce 0,1% )e Derrama (desce 0,75%) .